No início de agosto desse ano, um ano antes do início das Olimpíadas 2016, a Companhia Estadual de Água e Esgoto (CEDAE) abriu as comportas de esgoto que deságuam na enseada de Botafogo jogando milhões de metro cúbicos de esgoto (não tratado) naquele trecho da baía de Guanabara. Outras galerias de esgoto continuam “normalmente” abertas e sequer possuem sistema de comportas. É o caso da galeria de esgoto que está na enseada da Glória, em área “ocupada” Marina da Glória. Interessante é que a Marina da Glória, nas suas obras de expansão [contínua] e modernização conservadora escolheu mudar o desenho de atracação dos barcos para fugir do esgoto dessa galeria. ] A “solução” para isso, naturalmente, manteve o furor de apropriação do espaço público expandindo os seus tentáculos para o espelho d’água. Fincaram dezenas de tubulações e construíram novos pier de atracação.
Voltando ao esgoto da enseada de Botafogo, as condições de tempo meteorológico nesse inverno com cara de outono e temperaturas de veranico, as marés e a ausência de ressacas a atingirem a cidade e partes da baía fez com que as águas não sofressem trocas significativas ocasionando não só o acúmulo do esgoto como a também a sua expansão para a praia do Flamengo, Urca e uma das raias do evento teste de vela.
Pois bem, quando a imprensa anúncia que a CEDAE agora passará a ser “fiscalizada” por uma dessas agências reguladoras. Eis que as comportas apareceram fechadas. Constata-se que a CEDAE era o único órgão público de prestação de serviços essenciais da região sudeste que não se submetia a qualquer tipo de controle, uma verdadeira caixa preta do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
