Saudações Geográficas aqui da Cidade Maravilhosa de São Jorge, O
Guerreiro e de São Sebastião do Rio de Janeiro,
A defasagem idade/série cursada é apenas uma das
questões estruturais que assolam a qualidade na Educação Pública do Estado e do
Município do Rio de Janeiro.
Na Rede Municipal essa defasagem foi empurrada pra
frente através de várias mudanças no processo de avaliação dos alunos que
culminou na famigerada e repudiada "aprovação automática", mecanismo
nefasto que a atual gestão disse que revogou mas que na prática ainda está bem
longe de ser equacionada.
A Rede Estadual, que recebeu os alunos da Rede
Municipal, não teve outra alternativa (já que as condições de trabalho, a
despeito do aporte de recursos tecnológicos ter ocorrido, serem as piores
possíveis - salvo algumas exceções, notadamente no interior do Estado) que
"reter" esses alunos ao longo do curso do Ensino Médio regular (três
anos). Alguns alunos chegavam no primeiro ano sem saber que deveriam fazer
prova. Não sabiam ler enunciados e não tinham o hábito para a realização de
exames e testes. Acreditem, pois trabalho nessas redes há mais de 20 anos (em
sala de aula).
Recentemente o vídeo da Professora Amanda (Rio
Grande do Norte) ganhou espaço na mídia porque foi postado no Youtube. Aí está
um belo exemplo de como as Redes Sociais poderão fazer a diferença para
interferirmos na pauta da grande mídia. A educação pública no Rio de Janeiro
vai muito mal. Enquanto a questão salarial não for devidamente valorizada e
essa valorização se traduzir em recomposição salarial urgente ainda teremos que
conviver com esses indicadores absurdos de baixa qualidade. Não se faz educação
pública de qualidade sem valorizar o Professor. Não se valoriza,
profissionalmente, ninguem sem um salário digno e atrativo.
O Governador, em segundo mandato, e o Prefeito da
riquíssima Cidade da Copa e das Olimpíadas, fingem que não sabem disso e tentam
fazer omelete sem quebrar os ovos. Enganam a população e os Professores(as) com
falsas promessas travestidas de gratificações por desempenho que, além de
injustas e inócuas, são migalhas nomeadas de 14 ou 15 (rs rs rs) salários. Uma
lástima, um descaso com Profissionais que estão levando a Educação "nas
costas", no peito e na dedicação.
Por que será que a Educação Pública no Estado e na
Cidade do Rio de Janeiro vão tão mal? Será que não há ligação entre as duas
redes? Vejam os dados do IBGE para a população da Região Metropolitana do Rio e
vocês poderão perceber o "peso" da Rede Municipal nos indicadores da
Educação desse Estado.
Para acrescentar um pitaco a mais na questão
salarial, um ponto pouco falado é o do Plano de Carreira ou Plano de Cargos e
Salários. A rede municipal (Cidade do Rio de Janeiro) tem um dos PCS mais
extorsivos do Brasil. Talvez o pior de todos (não conheço os PCS de outras
redes). Aqui, são apenas três níveis e um Professor com vinte anos de carreira
ganha um pouco mais do que um iniciante e nunca mais muda de patamar até a sua
aposentadoria. Mais uma herança maldita do Cesár Maia que o atual Prefeito
apoiou e que agora ainda tem a covardia de propor o fim da paridade entre
ativos e inativos (proposta enviada à nossa Câmara de Vereadores que acaba de
comprar e devolver dezenas de carros super top de linha para os seus vereadores
tão carentes de recursos financeiros). Interessante que esses carros nem
fabricados no Estado do Rio de Janeiro eram. Ou seja, nossos vereadores não
entendem nada de economia ou não estão preocupados com a geração de emprego e
renda no nosso Estado - Cidade.
A nossa Assembléia Legislativa (Professores
Estaduais) conseguiu então aprovar a apresentação de dados da Educação
Fluminense por parte do Governo do Estado. Céus, até parece que eles estão
muito interessados em resolver a nossa questão salarial. Não, não estão nada
preocupados com isso. Semana passada realizamos mais uma paralização com
audiência com o Governo do Estado intermediada por integrantes da Casa
Legislativa. O Governo apresentou a sua proposta: NÃO TEM PROPOSTA DE REAJUSTE
SALARIAL PARA A CATEGORIA. Lembrem-se: é uma continuidade do Governo anterior.
Como não tem proposta? Nos últimos vinte anos tivemos mais de vinte Secretários
de Educação no Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Na Rede Municipal estamos na expectativa da
informação referente ao único dígito do nosso reajuste salarial. Como sempre
aquém da inflação e muito distante de qualquer projeto sério de valorização do
Professore dentro uma política séria de promoção ou resgate da qualidade na
Educação Pública.
Tudo isso no Estado e na Cidade do Rio de Janeiro,
"purgatório da beleza e do caos do Brasil".
Saudações,
Prof. Marcos Bassolli