quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Cidade do Rio de Janeiro, 449 anos, podemos comemorar?

Agora no dia 1º de março a Cidade Maravilhosa de São Sebastião [e de São Jorge] do Rio de Janeiro estará comemorando 449 anos de existência. Será que podemos realmente comemorar a data?
Desde que a atual gestão da prefeitura resolveu, de forma arbitrária e autoritária, promover e implementar inúmeras reformas e obras na cidade a vida dos que aqui trabalham e moram vem se tornando um suplício.
Sim, de forma autoritária e arbitrária porque muitas das intervenções promovidas pela prefeitura, com o aval dos governos estadual e federal, mereceriam um debate mais profundo e transparente com a sociedade carioca.
Alargamento de calçadas na Lapa, tradicional bairro boêmio do centro, poderiam parecer excelente iniciativas do poder público, não é? Porém, não foram feitas para os pedestres caminharem e sim para os comerciantes despejarem mais cadeiras e mesas dos seus estabelecimentos, jogando os pedestres, muitas vezes, para a rua e para os carros. Tais obras também não contemplaram a infraestrutura de drenagem, água e esgoto. Pior, agravaram tais problemas.
Outras obras, maiores e de maior vulto, foram implementadas a “toque de caixa” deixando à mostra o descuido com a qualidade. Rampas para deficientes que alagam a qualquer chuvinha estão em todas as praças que foram quebradas e maquiadas. Outras ainda estão nos escombros em várias regiões da cidade.
A perimetral, peça maior de propaganda e ambição dessa gestão da cidade, foi demolida sem a devida contrapartida em estudos e alternativas para o trânsito. Nem sequer o período do carnaval foi levado em consideração. Vamos demolir e vamos demolir agora, é o enredo repetido à exaustação, talvez para nos convencer da necessidade de tais obras.
Queremos a cidade de volta. A cidade onde se podia ir à praia sem espumas estranhas de diferentes cores.
Queremos ir ao Maraca e não ter que pagar valores de arenas esportivas européias. Queremos o Engenhão de volta. Queremos saber onde foram parar as vigas da perimetral que sumiram como num passe de mágica. Queremos poder ir-e-vir a qualquer hora do dia para qualquer região da cidade sem consultar antes o rádio ou qualquer aplicativo de celular para saber se vale a pena o deslocamento. Queremos uma cidade onde os professores, garis e guardas municipais não tenham que entrar em GREVE para terem seus direitos básicos atendidos. Queremos uma cidade organizada, limpa e ordeira, onde o simples funcionamento dos sinais de trânsito seja uma constante e não entrem em pane, causando-nos pânico com o trânsito que nos leva ao estresse. Queremos poder identificar nossos ônibus pelas suas cores, bem de longe e não como agora, com essa padronização de cores branca que representa uma modernização conservadora. Queremos uma cidade onde a “população de rua” seja acolhida pelo poder público, afinal, tem dinheiro pra Copa e pras Olimpíadas e não tem para a caridade? Queremos uma cidade que tenha uma política clara de erradicação e tratamento dos focos de crack e cracudos. Queremos o colorido das barracas nas nossas praias e não o tom monocromático vermelho imposto pela suposta “ordem padrão da prefeitura” subjugada ao patrocinador de tais artefatos. Queremos nossas praias limpas e somente praias porque a todo momento elas estão ocupadas para outros fins! Tivemos de tudo nesse quesito, até o Papa! Queremos segurança nas nossas ciclovias e parques, queremos que o público seja do povo e não apropriado indevidamente por quem quer que seja. Queremos ciclofaixas e um transporte digno, seja ele o trem, o metrô, o ônibus ou as barcas. Queremos uma plano de mobilidade urbana que não seja feito sobre pneus com siglas em inglês (brs, brt), somente para “inglês ver”. Queremos o bondinho de Santa Teresa de volta. Queremos nossas praças e ruas livres e desimpedidas desses cones e desses agentes de trânsito que proliferaram como moscas no lixo amontoado nas nossas esquinas. Queremos saúde, educação, saneamento e transporte padrão FIFA, afinal, mais uma vez, tem dinheiro pra Copa e Olimpíadas mas não tem pro básico?! Queremos o fim da indústria de multas e um trânsito mas equacionado, com política e polícia de trânsito. Queremos via expressa, Linha Amarela, sem pedágio escorchante e sem caminhões que até derrubam passarelas circulando em horários não permitidos por total falta de fiscalização. Queremos as escolas de samba sempre maravilhosas porém sem "paitrocínio" público, o prefeito gentil destinou 1 milhão a cada do grupo especial. Queremos bueiros limpos e que escoem as águas e não explodam em nós.
Queremos o Rio de Janeiro de volta para os seus moradores, para os seus trabalhadores e para todos os que aqui estão a nos visitar. Queremos uma cidade tranquila, limpa, eficiente porque organizada e sustentável porque a que está aí é contrária a tudo isso!

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