quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Modernização conservadora no Rio de Janeiro

Saudações Geográficas aqui da Cidade Maravilhosa de São Jorge, o Guerreiro e de São Sebastião do Rio de Janeiro,
Nunca antes na história dessa cidade, desde a sua fundação por Estácio de Sá em 1565, tanto se apropriou indevidamente e de diferentes formas o espaço público pela particular/privado. De todas as formas possíveis, legais e ilegais, imoralmente abonadas e incentivadas pelo poder público. A Copa do Mundo e as Olimpíadas ficarão na história dessa cidade como verdadeiros eventos lesa patrimônio. Aliás, lá nos Jogos Pan-Americanos isso também aconteceu, não da forma voraz e intensa como agora.
O Museu do Índio, ao lado do Maracanã é apenas um exemplo pontual! São inúmeros outros casos em todas as regiões da cidade, notadamente naquelas de maior valor agregado do uso e venda do solo. Na Barra da Tijuca, área nobre da cidade, até a legislação ambiental foi alterada, proposta pelo executivo com anuência do legislativo. Na Marina da Glória, área central da cidade, o Pan Americano deixou o seu legado em terra e no mar. Lá estão encravadas no espelho d'água da Baía de Guanabara as estacas da especulação imobiliária lesiva, que avança impune sobre o patrimônio público, aquele que é do povo e de todas as gerações! Também na área central, uma imensa área, denominada "Porto Maravilha" é objeto de PPP, obras públicas a destinos privados. Dizem que até os serviços públicos tradicionais como coleta de lixo serão ali privatizados! Quase sempre o disfarce para tais intervenções é a modernização e o embelezamento. Vamos demolir a perimetral para abrir a cidade para a Baía de Guanabara, não importa se ela está cada dia mais poluída! A especulação está preocupada com a poluição visual dos navios fundeados em frente à enseada de Copacabana, oceano Atlântico.
No Porto "Maravilha" vamos construir praças, avenidas e túneis. Tudo muito "muderno"! Em troca oferecemos uma parcela imensa de solo urbano que está sub valorizada. Um presente para a lógica do capital imobiliário que como um polvo estendeu os seus tentáculos para a nossa classe dirigente política, cooptada, subordinada e até corrompida!
O Maracanã é um raio de 10 km aproximadamente ao seu entorno é, naturalmente nessa lógica, alvo dessa cobiça. No entorno imediato então nem se fala. Ali uma Escola Municipal foi demolida, o Célio de Barros (Athletismo) e o Júlio Delamare (Parque Náutico) vão pro lixo! O Maracanãzinho vai resistir. Sua demolição seria um escárnio muito pesado de enfiar goela abaixo do povo dessa cidade.
Já chega o Maracanã e as suas três grandes reformas ao longo da última década que consumiram centenas de milhões de Reais. Juntas à atual reforma daria para construir uns dois estádios novinhos e "mudernos". Aliás, essas reformas eu não li, eu vi, eu assisti porque aqui vivo. Escolhi viver aqui, gosto dessa cidade e do seu povo, trabalho com ele e para ele.
No entanto, esse povo está sendo manipulado por esses políticos e por essa mídia cooptadora e propagadora dessa lógica perversa que envolve a especulação imobiliária, a apropriação privada de espaços públicos em nome de um discurso modernizador, atrativo e atração de grandes eventos.
Na saúde, na educação, no saneamento, na questão ambiental, na mobilidade urbana, acesso à habitação enfim na qualidade de vida, nós que aqui vivemos, vamos mal, não se iludam com o discurso midiático que tenta mostrar o contrário ou mesmo com o discurso ofical que estampa pseudo melhoras nos indicadores disso ou daquilo. Quem procura um hospital público sabe o que estou falando. Quem vive um dias enchentes, alagamentos e deslizamentos sabe também. Quem trabalha na educação básica e pública como eu consegue perceber, conceber e vivenciar tudo isso na pele.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, é preciso identificá-los com todas as letras, estão vendendo o Rio de Janeiro. Vendem o território, vendem os seus serviços. O Governo do Estado teve a cara-de-pau de implementar um programa de venda das áreas dos seus batalhões da PM. Leblon e centro da cidade foram os primeiro. Lógico, o capital imobiliário e a especulação não estão interessados na área do batalhão da Favela da Maré.
Os mesmos, Estado e Município, arrecadam e prestam péssimos serviços nas áreas básicas de ação e atuação do Estado. De novo: saúde, educação, saneamento (água e esgoto), mobilidade urbana (trens, barcas, metrô e ônibus), habitação urbana. Suas agências reguladoras estão inertes e paralizadas. Transporte público no Rio é caos, do táxi ao metrô!
Viva a Copa e as Olimpíadas, abaixo a Escola, o Museu do Índio, a memória, a dignidade! Vamos virar a cara pro esgoto, pra enchente e pro deslizamento.
Marcos Bassolli

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